Aloe Blacc no Cooljazzfest


No dia 28 de Julho, o Parque Marechal Carmona quase que rebentou pelas costuras para receber Aloe Blacc. A culpa residiu, talvez, nos êxitos I Need a Dollar e Loving You (Is Killing Me) do último álbum do cantor, Good Things. Mas Aloe Blacc é muito mais do que o êxito que roda nas televisões e rádios e provou isso mesmo com o concerto que deu, com um jogo de ancas a balancear entre o frenético e o melado.

De forma calma, mas já a mostrar a jinga da sua dança, Aloe Blacc introduziu-se ao público na penúltima noite do festival Cooljazzfest com Good Things, música que dá nome ao seu 3º álbum de originais. Depois surgiu uma previsão sob forma de medley daquilo que seria o concerto referindo nomes de gigantes da soul, entre eles Al Green ou Marvin Gaye. O reportório, maioritariamente constituído por músicas do último álbum, levou a várias nuances durante as quase duas horas de concerto. Take me Back, If I, So Hard ou You Make Me Smile arremessavam o público para uma calmaria de soul mais pausada, contudo com as suas diferenças. You Make Me Smile, música alegre e a piscar o olho ao público feminino, fez-se de um coro com mãos a andar em ondas pelo recinto, enquanto que If I, mais pesada e soturna, fez de todos gente calada e boquiaberta, em pele de galinha, a deslumbrarem-se com o uso tão vincado do sentimento na voz de Aloe Blacc. “If I die, will you pray for me, please?”, cantou em acapella, mostrando o porquê deste género musical se apelidar de soul.

Contudo, não se vá pensar que o concerto foi monótono. Entre balancés sentimentalistas, houve também tempo para muita energia, quer na relva do Parque Marechal Carmona, quer no palco, onde a dança tinha sempre espaço por parte de Aloe Blacc. O mesmo lançou o convite ao público para fazer uma pista de dança na plateia. Fez-se um espaço a meio e para lá se lançaram membros da plateia, primeiro tímidos pelas luzes apontadas, mas rapidamente se agruparam e fizeram a festa sem qualquer tipo de inibições. Hey Brother, Femme Fatale ou mesmo a Politician receberam uma resposta bastante positiva por parte do público e depois lá teve que vir a bomba da I Need a Dollar para se soltarem quaisquer acanhamentos do público. De letra na ponta da língua, a música cantou-se toda entre palco e plateia. Depois disse-se adeus e lá se voltou, como é hábito, para acabar em grande (e que final!).

Música calma, muito lenta, sem ninguém perceber o que seria aquilo enquanto se ouviam uns miúdos a pedir a Loving You (Is Killing Me) (já lá íamos). Ouve-se um Billie Jean a sair da boca de Aloe Blacc e todo o mundo bate palmas. E que bela versão, muito à imagem de todo o concerto, entre o pujante e o vagaroso. Depois, mais uma versão e esta também de arregalar os olhos: “California Dreaming”, a reclamar toda a soul que está embutida neste gracioso tema dos The Mamas & the Papas (Bobby Womack, Eddie Hazel ou Four Tops também já lhe tinham dado o seu toque).

Para terminar, a que faltava: Loving You (Is Killing Me). Música forte, a puxar para a dança, lá fez as festas de despedida de um concerto bipolar mas memorável a médio-prazo, provando que Aloe Blacc está bem é na soul (ele que ainda rapou a meio do concerto) e que por lá continue durante muitos bons anos.


Vídeo e Fotos

Aloe Blacc - You Make Me Smile (at Cooljazzfest) from João Gaspar on Vimeo.










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